sobre ausências e lacunas

Uma história nunca está completa. Por maiores e mais abundantes que sejam as investigações e as fontes, nunca alcançaremos a totalidade, porque, no fundo, a história é uma grande seleção, com ausências e lacunas.

Nesta exposição virtual – cujo objetivo é contar um pouco da história dos 60 anos do ensino de Arquivologia no Brasil – não faltam estas ausências e lacunas. Na medida do possível, buscamos contemplar todos os cursos de graduação, todos os grandes eventos nacionais e internacionais, todas as associações profissionais e pelo menos algumas das principais publicações da área. Mesmo assim, sabemos que outras iniciativas, eventos, livros, revistas, enfim, outros registros existiram. Algumas ausências, pois, podem ser contabilizadas no rol das seleções.

Só que há lacunas. Muitas lacunas. E elas não têm nada a ver com escolhas. Ao longo de quase dois meses, realizamos um verdadeiro garimpo em sítios eletrônicos, perfis de redes sociais, fundos documentais custodiados em instituições arquivísticas, acervos pessoais e publicações. Estas buscas, às vezes, visavam encontrar informações importantes, mas incertas. Houve casos em que precisávamos de uma fotografia para ilustrar o que falávamos. E aconteceu também de simplesmente desconhecermos algo importante, referenciado por alguma fonte, mas totalmente perdido na trajetória da Arquivologia brasileira.

Não raro, as lacunas fizeram com que nos lembrássemos daquele velho ditado – “casa de ferreiro, espeto de pau”. Como pode um campo do saber que se dedica tanto ao passado dos outros, ter tantas lacunas sobre o seu próprio?

Diante das ausências e das lacunas, decidimos transformar os objetivos desta exposição. A partir das faltas, além de contemplativa, este espaço propõe também uma reflexão sobre a necessidade de arquivar a Arquivologia, de registrar e preservar os momentos que marcam nossa história. Para dar conta dessa complexa reflexão, criamos uma estratégia simples, mas propositiva. Para cada episódio lacunar, sinalizamos a ausência com essa imagem ao lado.

Como o espectador mais atento perceberá, esse card está espalhado pela Linha do Tempo, mas também aparece em outras seções. Além de evidenciar o que falta, propõe também que as lacunas sejam preenchidas com a sua participação. E que você possa ainda nos sinalizar as ausências, que certamente são muitas – e que desejamos reduzir.

Com sua colaboração, transformaremos esta exposição em um produto coletivo e colaborativo sempre (ou quase sempre) inacabado, mas muito melhor do que nesta arrancada. Uma obra a ser visitada e descoberta várias vezes, porque estará em constante atualização.

Uma atualização que depende da sua participação.

Se você tem algum material sobre as ausências e lacunas apontadas ao longo da exposição – ou se tem registros de fatos que noticiamos com alguma imagem ou texto que pode melhorar – escreva-nos. Teremos o maior prazer em abrigar sua colaboração e inscrever seu nome na galeria dos Agradecimentos.

Porque a história da Arquivologia é de todos e todas. E merece ser contada.