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DEPOIMENTOS

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Sou Maria Lucia, arquivista e mestre em ciências. Hoje estou aposentada e continuo pesquisadora. Minha primeira faculdade foi Arquivologia-UNIRIO em 1987. Estagiei na Aeronáutica com arquivos bélicos (DIRMAB). O meu interesse naquela época foi o de ascensão profissional dentro da minha carreira na aeronáutica, mas um ano depois de formada, o concurso fechou e não pude obter o meu objetivo inicial. Contudo continuei estudando fiz especializações e hoje conclui o mestrado na área de ciências políticas e relações internacionais pela UNIFA da aeronáutica. Durante todo o meu serviço na aeronáutica pude praticar Arquivologia em arquivos digitais, arquivos médicos, arquivos datiloscópicos, arquivos de contratos imobiliários, arquivos mapotécnicos. Mas, antes disso, na Aeronáutica chefiei e acompanhei 11 estagiários de Arquivologia no CFIAER. O meu TCC foi em 1987 em automação de arquivos. Eu vejo o mercado de trabalho como muito promissor e não há muitos profissionais qualificados. Dentro das Forcas Armadas, na Aeronáutica, só ingressam hoje quadros temporários, no Exército e Marinha temos 2 temporários e permanentes. No meio civil tenho muitos colegas que estão sempre conseguindo se empregar, mesmo sem concurso. Portanto acho uma área de emprego disponível em todo o Brasil. É uma área que cresceu muito e ganhou além de representatividade, identidade impar. Hoje eu trabalho com pesquisa, usando os conhecimentos adquiridos em todos os cursos além de Arquivologia, publicando artigos em revistas – o ultimo foi entrevista com pilotos do CAN e a responsabilidade dos arquivos com esse tipo de memória, publicado na revista de UFSC. Acredito que o campo de pesquisa vai avançar muito nos próximos anos, pois existe muito conteúdo ainda depositado em acervos que devem ser descobertos. Então as perspectivas que enxergo a área, acho uma excelente opção e não me arrependo de ter começado com Arquivologia, pois me deu ideia, naquela época, a ter método, a ser organizada e técnica. E ainda a ordem atual é cada vez mais fazer parcerias com diversas áreas do saber e eu vejo a Arquivologia ainda fechada, meio engessada, em termos de abertura para trocas com outras áreas do saber. Acho que deveria ampliar a visão de alguns profissionais que atuam na ponta dessa área e que permitissem que os currículos estimulassem mais a pesquisa e publicação de artigos , pois a metodologia cientifica como disciplina da área , ela e as outras disciplinas ensinam o básico e deveriam estimular a pratica de publicarem mais artigos e fomentarem mais encontros científicos de discussão, por exemplo.

Maria Lucia Valada de Brito

arquivista aposentada e mestre em Ciências

Djalma Mandu de Brito

arquivista
(Arquivo Nacional)

Meu primeiro contato com a Arquivologia foi em 1999, ainda em um curso pré-vestibular. Ali tomei conhecimento das atividades e da grade de disciplinas. Enxerguei um mar de possibilidades e fiz a prova, sendo aprovado no primeiro semestre do ano seguinte. Colei grau em 2003 e já estava trabalhando em projetos na área desde 2002, tomando contato por meio de estágios supervisionados. Como sempre trabalhei em projetos de organização de acervo, senti a necessidade de me aprofundar nessa área e iniciar uma pós-graduação em gestão de projetos. Em 2006 fui aprovado no concurso para o Arquivo Nacional, trabalhando desde então com gestão de documentos. Em 2008 fiz outra pós-graduação, dessa vez em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (PIGEAD). Em 2014 concluí o mestrado em Gestão de Documentos e Arquivos, na UNIRIO (Tenho orgulho em registrar que fiz parte da primeira turma da América Latina!). A partir de 2017 decidi cursar um curso da língua francesa, de forma a melhor conhecer a literatura na área nesse idioma, que é riquíssima. Desde 2018 estou chefe da Divisão de Protocolo e Arquivo no Arquivo Nacional. Nesses vinte anos de contato com a Arquivologia, podemos dizer que muitos avanços ocorreram, como por exemplo o impulsionamento do uso das tecnologias de informática nos arquivos e o aumento da oferta de cursos de nível superior em Arquivologia. Ainda há muito o que fazer e muitas possibilidades a explorar. A Arquivologia, como Ciência multi, pluri e transdisciplinar oferece a oportunidade a todos aqueles que decidem se aventurar em suas águas uma miríade de possibilidades que é de encher os olhos de qualquer um. A Arquivologia, diferente do que muitos possam pensar, não se resume em organizar documentos em ordem alfabética. É pensar, propor e materializar projetos que contribuam para que nossa história passada e contemporânea possa ser acessada por gerações presentes e futuras.

É muito importante que as pessoas – principalmente os professores – acreditem piamente naquilo que eles fazem, não só na transmissão do conhecimento, mas que acreditem na grande importância e no papel da Arquivologia para o desenvolvimento tanto pessoal, como da sociedade e do país. E que toda essa vontade, toda essa crença e garra, seja transmitida para os futuros profissionais. Que eles se formem como arquivistas, mas também idealistas e defensores de uma causa em prol do desenvolvimento, da sociedade como um todo. Sabemos que a informação é a base disso tudo e um profissional bem qualificado, bem formado, vai estar apto a fornecer todas essas informações com ética, com seriedade, com respeito e com conhecimento, para que ela seja usada também com estes valores. Um brinde à vida! Um brinde à Arquivologia!

Mariza Bottino

professora aposentada
(Unirio)

Israel Gregorio

arquivista
(UFPR)

Minha escolha em fazer Arquivologia se deu no ano de 2003, quando a Universidade Estadual Paulista abriu o curso na cidade de Marília/SP, onde residia com a minha família. Fiz o vestibular e não tinha noção nenhuma sobre o curso e sobre a profissão de Arquivista. Escolhi o curso por ser pouco concorrido e por ser em uma universidade pública, pois já tinha entrado em duas faculdades particulares sem conseguir concluir os cursos em Administração e Ciências Contábeis. Para mim, a Arquivologia foi uma grata surpresa, pois no primeiro ano já amava o curso e participava de todos encontros da área. Sou da primeira turma do curso de Arquivologia da Unesp, então não tínhamos referencias nenhuma de profissionais da área. Fomos descobrindo assim que terminamos a faculdade; me formei em 2007 e fui trabalhar no Arquivo Municipal de Marília/SP, ficando até 2010. Em 2011, fiz concurso para arquivista pra Prefeitura Municipal de Rancharia/SP e fui nomeado no mesmo ano, ficando até 13 de julho de 2014. Em 14 de julho de 2014, assumi através de concurso público como técnico em arquivo no Instituto Federal do Paraná, ficando até 31 de outubro de 2019. Em 1º de novembro de 2019 assumo como arquivista na Universidade Federal do Paraná, onde estou até o presente momento. Amo ser arquivista e a área de Arquivologia. Todo ano faço várias capacitações e não me vejo trabalhando em outra área. Espero desenvolver os melhores projetos de arquivos e quero que a Arquivologia se desenvolva muito e novos profissionais cheguem ao mercado de trabalho com muita vontade de fortalecer nossa profissão.

Minha relação com a Arquivologia sempre foi marcada por acontecimentos de grande significado tanto pessoal como profissional. São doze anos de aprendizado, contribuições, conquistas individuais e coletivas. Afinal, isso representa um quarto de fração de tempo vivendo Arquivologia. Meu primeiro contato com a Arquivologia remete a oportunidade de atuação como menor aprendiz na Concessionaria de Energia Elétrica da Paraíba no ano de 2007, onde atuei no setor de Recursos Humanos junto a servidora responsável pelo arquivo de pessoal. Figura que, conjuntamente a outros profissionais do setor me incentivaram a prestar vestibular para o Bacharelado em Arquivologia, recém instituído na Universidade Estadual da Paraíba (2006), mas não logrei êxito. No ano de 2008 durante as aulas do pré-vestibular oferecido pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) foram apresentados os cursos recém criados na instituição, frutos do Programa de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais no Brasil, em que o Bacharelado em Arquivologia foi oferecido pela primeira vez na modalidade de vestibular especial. Desde então, passei a compor a turma pioneira ou turma zero como o Professor Guilherme Ataíde (Departamento de Ciência da Informação – UFPB) denominou no primeiro de aula do curso que contou ainda com a Aula Magna ministrada pelo ilustre Professor Armando Malheiros (Universidade do Porto – Portugal). A graduação em Arquivologia foi marcada por uma construção de identidade, tanto minha como do próprio curso. O engajamento em projetos de monitoria, extensão, pesquisa e militância em prol da Arquivologia me muniram do desejo e papel de contribuir significativamente para área nas dimensões de ensino e pesquisa científica. Para tanto, enveredei na educação continuada com o Mestrado em Ciência da Informação e em seguida a Docência como temporária também na UFPB. E, posteriormente no Doutorado ainda em 0Ciência da Informação, mas agora na Universidade Federal da Bahia o que também é fruto das articulações acadêmicas iniciadas na graduação. A consciência do meu papel como protagonista na história da Arquivologia é precoce, mas cresce por enxergar na área o potencial transformador nos cenários científico, tecnológico e social. Assim como das vidas dos sujeitos que se empoderam ao descobrirem efetivamente a Arquivologia. Outrossim, sigo na perspectiva de inspirar e expandir minhas contribuições atuando na base que é o ensino, gerando conhecimentos e agregando saberes aos cenários socioculturais.

Ismaelly Batista

doutoranda
(PPGCI/UFBA)

Tatiana Azevedo de Oliveira

caloura de Arquivologia
(UFSM)

Meu primeiro contato com a Arquivologia foi de forma superficial há mais de 25 anos, na minha adolescência através de 2 amigos, um que na época cursava Aistória e outro Arquivologia. Os papos eram muito interessantes e instigantes. Mesmo com essa semente já plantada, por uma série de fatores, minha hora ainda não havia chegado, dei muitas voltas, andei por muitos caminhos, mas sempre com esse sonho guardadinho em algum lugar do peito, mas a realidade parecia muito distante. Desde o início do ano de 2019 começou a brotar a vontade e a necessidade de buscar conhecimento, ao pensar em uma graduação, a primeira coisa que vinha em mente era a Arquivologia, o olho brilhava e começava aquela euforia, mas em seguida vinham os questionamentos do tipo: passar na Federal? Que jeito? É muito concorrido e a gurizada esta mil vezes mais afiada... Com essa idade? Quando se formar quase não dá tempo de fazer mais nada; como vai conciliar trabalho, filhos, casa e mais uma faculdade presencial? Como se pode ver, todos os caminhos me levavam a uma EAD, para realizar um tecnólogo pela questão de tempo e praticidade. Já com isso em mente, começaram os preparativos, mas tinha uma voz no fundo que dizia: faz o ENEM. E mesmo achando loucura resolvi me inscrever e arriscar, sem nenhuma perspectiva a não ser usar a nota para baratear a mensalidade da EAD. Mas como diz aquele ditado: “O homem planeja e Deus ri”, tudo aconteceu maravilhosamente ao contrário do que tinha planejado e hoje, aos 42 anos, estou realizando o meu sonho antigo e que eu julgava impossível que é de estar na UFSM e cursando Arquivologia, estou nas nuvens e a cada dia mais apaixonada pelo curso, mesmo com essa loucura toda que estamos vivendo, e o contato sendo somente de forma virtual, a cada atividade, cada descoberta o interesse só aumenta. Eu não imaginava que a Arquivologia era esse universo fascinante que tenho me deparado, muito além do “organizar papel” como se diz por aí. Tenho buscado além das aulas várias outras formas de conhecimento na área, em várias páginas interessantes na web e perfis em redes sociais. Essas descobertas, me fazem diariamente me apaixonar pela Arquivologia e ter a certeza que agora estou no meu lugar, quero me formar e trabalhar na área, contribuindo da forma que me for permitido, com o objetivo de fazer a diferença com minha escolha.

Minha trajetória na Arquivologia começou antes mesmo do meu ingresso na graduação. Conheci o curso quando ainda cursava o 2º ano do ensino médio, em uma feira de profissões na escola, apresentada pelo PET de Biblioteconomia da Unesp/Marília, no ano de 2005. Desde então, passei a me interessar pela área devido as possibilidades de atuação e, no ano seguinte, prestaria o vestibular para o curso de Arquivologia. Aprovado, em 2007 ingressei na 4ª turma do recém criado curso da Unesp. O gosto pela pesquisa foi aguçando ao participar dos grupos de pesquisa, além de realizar estágios extracurriculares no período de férias. No segundo ano tive a oportunidade de participar de um projeto de pesquisa, que resultou em minha Iniciação Científica; pesquisa que daria início a vida acadêmica: IC, mestrado e doutorado. Após graduado, entre 2011 e 2018, tive o privilégio de atuar como arquivista nas esferas federal, estaduais e municipais e prestação de serviços; assim como realizar o mestrado acadêmico (2011 – 2013) e o doutorado (2015 – 2019). Já em 2019, fui aprovado no concurso público para professor de carreira, no curso de Arquivologia, da Universidade Federal do Amazonas, onde leciono, coordeno projeto de extensão e desenvolvo demais atividades administrativas. A Arquivologia me trouxe diversas possibilidades e as segurei com todas as forças. Nossa área é vasta e tende a crescer, uma vez que estamos imersos em uma sociedade embebida pela transformação digital, onde cada vez mais nossos objetos, objetivos e princípios convergem com tais mudanças. É um imenso desafio para a área acompanhar tais mutações, porém temos força suficientes para nos estruturamos enquanto área do conhecimento, ganhar robustez e identidade perante ao novo que nos é apresentado.

Luiz Antonio Santana da Silva

professor
(UFAM)

Camila Schwinden Lehmkuhl

professora
(UFSC)

Olá pessoal, me chamo Camila Schwinden Lehmkuhl, arquivista e escrevo esse depoimento para contar um pouco sobre minha trajetória de vida arquivística a vocês. Para começar, fui aluna da primeira turma de Arquivologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Iniciamos em 2010 e formamos em março de 2014. Grande parte dos colegas não queria fazer o curso de Arquivologia, assim como eu, mas a Arquivologia foi nos ganhando aos poucos... Gostávamos de falar que éramos os “desbravadores” do curso. Nossos primeiros semestres tinham uma média de dois, três professores para todas as disciplinas. Mas, não por isso, deixávamos de reivindicar alguns assuntos. Fazíamos abaixo-assinados para pedir mais professores, para tirar professores (sim, éramos “do mal”), criamos o Centro Acadêmico do Curso, participamos de todos os ENEArq’s ao longo dos quatro anos, participamos da ENEA, junto com outras turmas fizemos um ENEArq em Florianópolis, conseguimos uma sala para o Centro Acadêmico no prédio, enfim... para quem não queria o curso, até que fomos bem. Depois de formadas, eu e mais algumas colegas da turma e de outras, criamos a Associação de Arquivistas do Estado de Santa Catarina. Com relação a minha pesquisa, desde a graduação é sobre Arquivos de Registro Civil. Acredito que você pesquisar algo que te instigue, que admire, seja um dos primeiros passos para a vida acadêmica. Tanto é que hoje estou no doutorado, pesquisando ainda sobre registros civis, e de presente há um ano fui chamada para ser professora substituta aqui na UFSC. Hoje posso afirmar ao longo desse quase um ano de docência que dar aula quando se é apaixonada pela área faz toda diferença. Isso é visível quando vejo os olhinhos dos alunos brilhando e cheios de curiosidades pela área. Acho que me encontrei nesse mundo arquivístico... e foi na caixinha docência, que é uma mistura de todas as outras.

Falar da minha experiência com a Arquivologia para um projeto da UFSM é sempre um prazer, pois ingressei no Curso de Arquivologia da UFSM em 2007, vi na Arquivologia um encontro entre oportunidades e interesse pessoal. Formei-me em 2010, quando já havia conquistado uma vaga para docente junto Curso de Arquivologia da UFAM, em janeiro de 2011 inicie minha trajetória como docente. Mas entendam, não foi e não é fácil. Na UFAM o curso iniciava em 2009, sem professores com formação na área, chegamos em grupo de 5 (cinco) professores, com vontade de fazer o Curso ser conhecido na Instituição, na cidade, no Estado. A UFAM ofertou o primeiro Curso de Arquivologia da Região Norte do Brasil, muitos desafios de lá para cá. E como nos posicionar diante do desconhecido (que éramos nós)? Eu optei em levar o nome do curso além do ensino, pesquisa e extensão, trabalhei muito no administrativo, sempre representei meu curso e o levei aos conselhos superiores, com voz e voto, fui coordenadora de Curso de 2011 a 2014, chefe de Departamento de 2016 a 2017. Foi a forma que eu encontrei de estar entre os cursos de mais tempo na UFAM; estávamos recém-chegados em um Departamento, dividindo o dia a dia com um curso de mais de 40 anos – Curso de Biblioteconomia. Em 2017 o Curso de Arquivologia forma uma Faculdade junto aos renomados Cursos de Biblioteconomia, Jornalismo e Relações Públicas. Mais uma vez optei por dar voz ao curso de Arquivologia pelo meio administrativo, assim, atuei como Coordenadora Acadêmica (Vice-Diretora) da Faculdade de Informação e Comunicação, sempre lutando pelo espaço do Curso, que mesmo com 11 anos, já acumula conquistas acadêmicas, como aumento do quadro docente contado hoje com 6(seis) docentes, prêmios nacionais, como melhor artigo oriundo de Trabalho de Conclusão de Curso (REPARQ), parcerias com distintas intuições do Estado. Eu sigo aprendendo, agora me afastando para cursar meu Doutorado em Comunicação na UFRGS para assim mostrar que a Arquivologia dialoga com distintas áreas. Podendo voltar para UFAM e ensinar mais e mais aos alunos, que sempre buscam conhecimento com muita vontade.

Carla Mara da Silva Silva

professora (UFAM)

Augusto Britto

professor
(UFSM)

No último semestre de minha graduação em Arquivologia em 2010 pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) um misto de emoções tomava conta de mim: a felicidade de estar encerrando enfim o curso superior que eu escolhi concomitantemente com a ansiedade e a dúvida de como eu iria me inserir no mercado de trabalho. A oportunidade surgiu cinco meses antes da formatura mediante o concurso para docência no curso de Arquivologia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM). O ímpeto de contribuir com o primeiro curso de Arquivologia na região Norte do país, tanto com ações administrativas para a sua consolidação como no ato de “desbravar” os acervos locais detentores de fontes para a história, memória e identidade amazônica, motivaram eu e minhas colegas e amigas Carla Silva, Marci Souza e Ana Vignol a investir nesta jornada. Entre os concorrentes de todo o país quis o destino que nós quatro fossemos os aprovados no concurso. Após a euforia inicial, nós ficávamos questionando como seria a nossa recepção pelos amazonenses, pois afinal tudo para nós era novidade. Eu posso afirmar que foi graças à recepção calorosa dos alunos das primeiras turmas, dos colegas de Departamento e das instituições arquivísticas de Manaus os fatores determinantes para que sentíssemos em casa e iniciássemos a nossa trajetória docente. Inúmeros momentos contribuíram para tal desde o Café Amazônico oferecido a nós em nossa chegada, até a honra de ter sido escolhido como paraninfo da primeira turma. O carinho que recebi durante os três anos em que estive atuando pela UFAM foi determinante para as minhas futuras conquistas e é, neste sentido, que sempre irei lembrar com apreço de Manaus e, principalmente, da primeira turma do curso de Arquivologia da região norte do país.

Inicialmente, gostaria de começar relatando que, graduei-me em Arquivologia em 2005 pela Universidade Federal de Santa Maria e, desde então, já atuava como arquivista em um empresa privada na mesma cidade, mas foi em 2008, que resolvi adentrar no campo do ensino, vindo a fazer a seleção para docente substituta na Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Fui aprovada na seleção de docente o que me possibilitou ser a primeira professora bacharel em Arquivologia do curso, onde ministrei a disciplina de Fundamentos de Arquivologia, de caráter introdutório. O curso de Arquivologia da FURG, iniciou suas atividades no mesmo ano de 2008. Portanto, era o início do curso e da minha experiência como docente. Acredito que o fato de já ter um pouco de experiência como arquivista, também me ajudou na parte do ensino. Atualmente, não sou mais docente, mas continuo na FURG, na carreira dos Técnicos Administrativos em Educação, no cargo de arquivista, atuando na Coordenação de Arquivo Geral. O período em que exerci a atividade de docente, sem dúvida, me deixou marcas, boas lembranças. Tenho muito orgulho de fazer parte da história do Curso de Arquivologia da FURG, de ter contribuído na formação dos primeiros arquivistas egressos da Universidade.

Tatiane Vedoin Viero

arquivista
(FURG)

Telma Campanha de Carvalho Madio

professora
(Unesp)

Sou graduada em História e sempre me preocupei com as questões de fontes para pesquisa - organização, preservação e acesso. Trabalhei no Arquivo Público Mineiro (MG) e fiz o curso de especialização em Arquivos no IEB/USP, para aprimorar meus conhecimentos práticos. Trabalhei no Banco de Dados da Folha de S. Paulo, no Itaú Cultural e no Projeto Memória do Grupo Pão de Açúcar tendo experiências, em alguns momentos na organização, e em outros com a pesquisa em acervos. Grande parte do meu trabalho, nessas instituições, foi predominantemente com fotografias e por isso fui convidada a dar aulas no Curso de Graduação em Fotografia do Senac/SP, ministrando a disciplina Arquivos Fotográficos. Mas, querendo aprofundar os conceitos e práticas arquivisticas, entrei em 2006, como docente, no curso de Arquivologia da Unesp, em Marília. A primeira turma entrou em 2003. Os desafios foram vários: assumir muitas disciplinas, abordar conteúdos diversos, poucos professores, cargos administrativos e atender a grande expectativa dos alunos que acreditaram e muito colaboraram para sua efetivação. Brigamos pela instalação de laboratórios, aquisição de livros e contratação de mais professores. Para incrementar as experiências e vivências que oferecíamos aos alunos, além da convivência em sala de aula e orientações, procurávamos realizar visitas técnicas em diversas instituições a fim de expandir e conscientizar as possibilidades de inserção no mercado de trabalho e referencias profissionais. A vontade de ver o curso solidificado e de que a dedicação de todos se efetivasse prevaleceu e, já são 17 anos de afirmação e reafirmação diária da relevância da Arquivologia no/para o país, apesar de todo o descrédito e falta de conhecimento de nossa sociedade.

Cheguei em Santa Maria em outubro de 1979, contratada pela Universidade Federal de Santa Maria, no regime de 40 horas semanais sendo que teria 20 horas no Departamento de Documentação e 20 horas na Biblioteca Central da UFSM. Minhas primeiras aulas na Arquivologia foram na disciplina de Documentação I, no primeiro semestre de 1980. Acho que esta disciplina agora não faz mais parte do currículo de Arquivologia mas, naquela época, tínhamos Documentação I e II. Minha formação básica é em Biblioteconomia. Sou formada pela FURG (Universidade Federal do Rio Grande) – anteriormente denominada Fundação Universidade de Rio Grande. Sou da 2ª turma, formada em 1978. Alguns professores do curso de Arquivologia, formados entre 1980 e 1992, foram meus alunos, como por exemplo, Carlos Blaya, Rosanara Urbaneto, Rosane Piveta, Elisete Rosa Dotto, a saudosa Denise Molon. Fico orgulhosa da trajetória vitoriosa desse profissionais, pois em cada um deles tem um pouquinho de mim. Tudo era bem diferente do que é agora. Éramos poucos professores, não tínhamos toda essa tecnologia que está disponível hoje em dia mas, acredito eu, éramos mais próximos de nosso alunos. Dividíamos uma sala única para todos os professores, partilhávamos conhecimentos, sonhos, realizações e dificuldades. conhecíamos bem nossos alunos e trocávamos informações a respeito do rendimento de cada um na vida acadêmica e até problemas pessoais de muitos deles. Tivemos oportunidade de conviver com muitos mestres da Arquivologia nacional, como José Pedro Pinto Esposel, Marilena Leite Paz , Eloisa Belotto, José Maria Jardim, e internacional como Rolf Nagel, Tanodi, Vasquez, entre outros. Lecionar no curso de Arquivologia foi, para mim, uma grande alegria, pois, poder colaborar para a formação de tantos profissionais de sucesso que engrandecem nosso universo arquivístico local, estadual e nacional, pois temos egressos espalhados por este Brasil imenso levando o fazer arquivístico e o nome de nossa universidade, é mesmo muito gratificante. Vejo para o futuro da Arquivologia, muito trabalho! Nunca geramos tantas informações de maneira tão desordenada como nesses últimos meses. Para separar e processar tudo isso, para organizar e preservar o que realmente importa, muito trabalho, dedicação e competência será exigido desses profissionais. Parabéns, profissionais arquivistas, por estes 60 anos do ensino da Arquivologia no Brasil.

Serafina de Araujo Abreu

professora aposentada
(UFSM)

Luciana Davanzo

doutoranda em Ciência da Informação
(Unesp)

Primeiramente vou me apresentar: meu nome é Luciana Davanzo, moro na cidade de Marília, interior do Estado de São Paulo. Marília é conhecida como a capital nacional do alimento, pois, seu parque industrial é voltado para as indústrias alimentícias. No ano de 2003, ingressei no curso de Arquivologia, oferecido pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Inicialmente, minha opção era pela Biblioteconomia, devido a influências de uma amiga que era bibliotecária na UNESP. Na graduação, meus professores mostravam com paixão o que era a Arquivologia, onde poderíamos atuar e, uma das áreas que eu me identifiquei foi com os arquivos empresariais. Por isso, ainda na graduação realizei estágios em empresas privadas, para ter maior conhecimento da rotina de uma empresa, das suas necessidades de informação, dos documentos que compunham o arquivo. Desde o ano de 2008 atuo com os arquivos empresariais, tendo a missão de gerenciar os documentos pertencentes a uma empresa que possui 2.500 colaboradores e, que possui unidades fabris e centros de distribuição em vários estados do Brasil. O arquivo tem em média 8 mil caixas arquivos, além de outros documentos que são encadernados. O arquivista tem duas opções: se mostrar como gestor de informações, analisar processos e procedimentos, atuando de maneira conjunta produtores dos documentos, ou, ficar dentro do arquivo, sendo apenas um “cuidador” de caixas arquivo. Quando a graduação acaba, não acaba a necessidade de conhecimento, estou no último ano do doutorado em Ciência da Informação, na UNESP e o caminho ainda é grande, afinal, precisamos nos apropriar das tecnologias digitais em nossa atuação, temos o desafio da digitalização, da lei de proteção de dados, o Big Data, enfim, talvez esses desafios nos possibilitem mostrar que não somos tecnicistas, mas um profissional analítico, crítico. Muitas experiências poderiam ser compartilhadas, mas, quero terminar essa conversa dizendo a vocês: aproveitem a graduação, tirem o máximo de conhecimento de seus professores, aproveitem os programas de pós graduação, temos cursos de excelência e professores que servem de exemplos e, inspiração. A luta pela Arquivologia não pode parar, precisamos de profissionais atuando, mas, precisamos também de pesquisadores, de pessoas que possam contribuir para que os cursos de Arquivologia se propaguem e se consolidem ainda mais. Saudações arquivísticas!

Fui discente do curso de Arquivologia da UFPA, comecei a ter interesse pela área por meio de uma reportagem do ano de 2014 do programa “Como Será?” da TV Globo, com o título “Profissões do Futuro”, no qual o arquivista George Rocha apresentava a profissão de arquivista. Em 2015 fui aprovada no curso e em maio do mesmo ano, consegui meu primeiro estágio no Arquivo do Instituto de Tecnologia da UFPA, me aproximando do fazer arquivístico. Depois disso, passo por outras experiências, no arquivo da Assembleia Legislativa do Estado do Pará e no Arquivo Público do Estado do Pará, despertando a temática do meu TCC e a vontade de abordar sobre a difusão arquivística, com o intuito de aproximar a sociedade do arquivo e fortalecer a identidade local, além de dar visibilidade a profissão. No Instituto Evandro Chagas, passo a ter contato direto com o arquivista Augusto Brito, reafirmando a certeza da minha escolha. Ainda na graduação, sou aprovada no processo seletivo do mestrado em Ciência da Informação da UFPA, o único na região norte, participando de projetos de extensão, grupo de estudos e adentrando no universo da pesquisa. Acredito que temos muito a avançar e vencer nossas fraquezas, principalmente no que diz respeito ao tecnológico, além de lutar por representatividade da profissão no estado e o reconhecimento pela sociedade e gestores da importância do arquivo e dos arquivistas para a história, a gestão documental e da informação, como meio de salvaguardar a memória do estado, proporcionar a democratização do acesso e efetivação de direitos.

Zilmilene Costa de Moraes

arquivista
(IGEPREV Pará)

Vanderlei Batista dos Santos

arquivista e diretor da Coordenação de Arquivo
(Câmara dos Deputados)

Sou da segunda turma de egressos do Curso de Arquivologia da Universidade de Brasília, em 1995. Entrei no curso pelo desejo e necessidade de cursar uma universidade pública que oferecesse curso no período noturno. A falta inicial de opção se transformou, rapidamente, em paixão pelas mãos dos mestres Luís Carlos Lopes e Heloísa Liberalli Bellotto que, naquele início, eram responsáveis por, praticamente, todas as disciplinas específicas do curso. As pessoas procuravam a Arquivologia porque era um curso superior como qualquer outro, mas de baixa procura e oferecia maior possibilidade de ingresso. Em 1991, em Brasília, a Arquivologia não era um curso de grande interesse ou mesmo conhecido. Os professores dos cursos eram provenientes de outras áreas e tinham na experiência profissional o requisito curricular principal para ministrar as aulas. O tempo passou e muitos egressos do curso, por todo o país, investiram na docência e na pesquisa e, como resultado, hoje a área pode ser orgulhar do corpo discente disponível. Currículos de diversos cursos de graduação foram alterados e atualizados para incluir disciplinas voltadas ao estudo das novas tecnologias e os arquivos, infelizmente, não se pode dizer o mesmo da capacitação dos professores para ministrarem essas mesmas disciplinas. Os cursos, apesar do currículo mínimo, têm refletido as realidades das regiões onde se encontram, o que ajuda na colocação do profissional no mercado de trabalho, e parecem ter amadurecido e se consolidado como cursos “sérios”. Colabora para isso o contexto atual de sociedade da informação e do direito de acesso às informações e, no âmbito acadêmico, o surgimento das pós-graduações na área, o número de pesquisas publicadas, a criação de periódicos próprios etc. Tudo isso tem levado a Arquivologia, a conquistar seu reconhecimento, embora de forma modesta, como disciplina científica. Que venham outros 60 anos de evolução!

Ingressei na graduação em Arquivologia no ano 2000, na UEL, sem ter a mínima ideia do que seria o curso e muito menos a profissão. Contudo, decidi que faria daquela experiência algo que realmente valesse a pena e fizesse a diferença na minha vida. Assim me dediquei integralmente à graduação, participando de todas as atividades possíveis. Logo iniciei um estágio no arquivo de uma empresa jornalística, onde fiquei por quase dez anos, inicialmente como estagiária e depois como arquivista. Dali, segui para outra experiência como arquivista em uma editora, que propiciou que eu conciliasse as atividades laborais com as atividades acadêmicas. Em 2012 ingressei no mestrado em Ciência da Informação na UEL e em 2015 no doutorado em Ciência da informação na UNESP. Em 2016 fui aprovada no concurso público na UFPA, e desde então venho experimentando as aventuras e desventuras da docência numa universidade pública. É uma grande responsabilidade poder contribuir com a formação de uma nova geração de arquivistas. Sempre me considerei uma profissional “fora da caixinha” e é com base nessa percepção que motivo os discentes a desenvolverem reflexões críticas acerca de teorias e práticas arquivísticas. Hoje não me vejo desenvolvendo outra atividade profissional que não seja a docência, percebo que minha experiência profissional como arquivista contribui para as discussões teórico-prática tanto no ensino, como na pesquisa e na extensão. Acredito que num futuro próximo, nosso papel como arquivista será finalmente consolidado para além das paredes de um arquivo, para além do tecnicismo que ainda prevalece em tantas instituições. É nisso que acredito e é pra isso que tenho me dedicado.

Renata Lira Furtado

professora
(UFPA)

Darcila de la Canal Castelan

primeira coordenadora de curso
(UFSM)

A universidade como polo pensante tem compromisso social e cultural com a região na qual está inserida e seus projetos de ensino, pesquisa e extensão devem estar atentos às transformações, possibilitando através de estudos atender às necessidades e cumprindo assim seus objetivos. Embasada nessa linha de ação, quando na coordenação da área de Ciências Humanas do Centro de Estudos Básicos da UFSM) me propus, juntamente com os Chefes de Departamentos fazer um estudo dos currículos dos cursos sob nossa responsabilidade, para torná-los modernos, dinâmicos e atraentes. Pela minha formação, sempre questionei as controvérsias da História do Brasil sobre a importância das fontes de informação, quer documentos ou orais. Esses questionamentos serviram de motivação para a criação de um curso em nível superior com uma filosofia voltada ao passado preservação da memória, presente em informação e no futuro – pesquisa e planejamento. Segue a sequência das tratativas para elaborar uma proposta curricular que atendesse os nossos ditames e a legislação vigente: 1- Contato com a Universidade Federal Fluminense e autoridades no assunto por meio do professor José Pedro Esposel, estudioso e incentivador da criação de um curso de Arquivologia em nível superior; Arquivo Nacional; Câmara dos Deputados ; Associação dos Arquivistas Brasileiros, Centro Latino Americano de Archiveros, de Cordoba-Argentina e Arquivo Público e Histórico de Porto Alegre. Concluídos os contatos através de reuniões, seminários e congressos, anexados todos os subsídios, elaboramos uma proposta de criação do Curso de arquivologia da Universidade Federal de Santa Maria, com duração de quatro anos, tendo um núcleo comum três habilitações em Arquivos Históricos, Empresariais e Médicos. As etapas seguintes foram: 1- a criação do Departamento de Documentação para nuclear as disciplinas e locar os docentes; 2- o reconhecimento do Curso , após a aprovação do mesmo pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da Universidade; 3- criação do Núcleo Regional de arquivistas da Associação dos Arquivistas Brasileiros, visando a divulgação, o incentivo e a valorização da profissão. Concluindo: os obstáculos foram muitos, mas o idealismo e a vontade de acertar superaram as dificuldades, graças ao apoio do Reitor Dr. Helios Bernardi e dos Pro-Reitores, professores Sergio Bernardes e Walther Bianchini, que proporcionaram a vinda de professores visitantes da Argentina, Prof. Aurélio Tanodi, da Alemanha, Prof. Rolf Nagel e da Italia, Prof. Carbone e outros docentes do Rio de Janeiro, como o Prof. José Pedro Esposel, outros de São Paulo, Porto Alegre. Cabe às gerações atuais, consolidar essa área da Arquivologia, campo promissor que exige dinamismo, competência, criatividade, competência e dedicação.

Meu primeiro contato com a Arquivologia se deu em 2000, quando pesquisava uma carreira para cursar faculdade e no caderno de profissões do vestibular da UNIRIO me interessei pelo breve relato da área. Não foi minha primeira opção de carreira (realidade também de todos meus futuros colegas de turma), mas como fui aprovado no vestibular, no ano seguinte iniciei a graduação em Arquivologia. No princípio, sem convicção se tinha feito uma boa escolha e se seguiria carreira, no entanto, ao longo das aulas, tendo contato com professores que transmitiam sua paixão pela Arquivologia, descobrindo a diversidade dos arquivos e as múltiplas possibilidades de atuação profissional que a área proporciona, já ao final do primeiro período decidi que seria arquivista. Felizmente também tive boas oportunidades profissionais, seja atuando em empresas e desde 2010 como concursado em uma instituição pública e o conhecimento adquirido ao longo da graduação foi fundamental para meu sucesso na carreira. Mas destaco que em uma área em constantes transformações ao longo desses anos, com novas tecnologias, mudanças de suportes documentais e inovadoras visões sobre a função dos arquivos e dos arquivistas, ser um produtor de conhecimento é tão ou mais importante do que se limitar a dominar o fazer arquivístico. Por isso prossegui nos estudos, cursando especialização, depois mestrado e participando de cursos e eventos arquivísticos para me atualizar e trocar experiências com outros profissionais.

Wagner Ridolphi

arquivista
(CLA/UFRJ)

Clara Kurtz

professora aposentada
(UFSM)

A Arquivologia em Santa Maria nasceu do idealismo da Profª Darcila de La Canal Castelan que não mediu esforços para o desenvolvimento do curso e da área e, apesar da reduzida produção científica da época (Marilena Leite Paes, Schellenberg, Arquivos Públicos do Canadá), nas décadas de 70 e 80, o Curso formou profissionais competentes e conhecidos no Brasil. De Santa Maria, seguiam profissionais para as diferentes regiões do país, numa época em que somente os cursos da Universidade Federal Fluminense e UNIRIO estavam em funcionamento. Momento marcante daquele primeiro ano foi a Aula Inaugural do Curso no Auditório Gulerpe/UFSM, que reuniu dezenas de estudantes e profissionais, com a presença do nosso querido Professor José Pedro Esposel, da UFF. Em outubro, o 1º Curso de Arquivos ministrado por profissionais da Fundação Getulio Vargas. Éramos vinte alunos, ansiosos para conhecer um pouco mais sobre a teoria e a prática arquivística do país. Com a aprovação da Lei nº 6.546/78, sempre estivemos presentes em eventos e atividades que mostrassem qual o papel do arquivista, como profissional graduado em curso superior, na preservação da história e memória da sociedade. Quando foi aprovado, o Curso contava em sua estrutura, além dos três anos iniciais, com a realização de Habilitações em arquivos históricos, médicos, empresariais e escolares. Em 1979, dos doze acadêmicos concluíram a etapa inicial; somente seis continuaram em Santa Maria e se inscreveram nas Habilitações em Arquivos Médicos e Empresariais. Uma dúvida sempre existiu. As habilitações eram obrigatórias e parte da estrutura curricular? Depois de alguns anos e, com a aprovação de um novo currículo, elas desapareceram. Os profissionais que concluíram uma Habilitação tiveram um apostilamento em seus diplomas de graduação. Então, pela análise dos fatos e registros e pelas evidências (elas servem de prova, nos dias atuais), a primeira turma não teve colação de grau, ou seja, não existe uma Ata de Colação de Grau, porque ainda havia a exigência de continuidade do Curso em uma Habilitação. No entanto, uma solenidade foi realizada na Capela do Colégio Santana, com todas as pompas de uma colação de grau e com a presença mais uma vez do Prof. José Pedro Esposel e demais professores e representantes da UFSM. Nas últimas décadas, as mudanças na área da Arquivologia são visíveis. A criação de novos cursos no Brasil e o incremento da literatura arquivística desenvolveu-se a partir de projetos de pesquisa empreendidos pelos profissionais e a tecnologia de informação é, atualmente, disciplina essencial no ensino da arquivística, obrigando os profissionais a uma mudança de paradigma, com vistas a uma crescente visibilidade dos arquivos e dos arquivistas. Enquanto nos primeiros anos, a participação em eventos e estágios demandavam muito tempo e várias cartas e documentos para sua efetivação, como podemos ver na correspondência do Prof. Esposel, da UFF, confirmando a participação de alunas em estágios na FGV e Furnas, em julho de 1978 ou um convite para o Curso participar de um Encontro de Docentes da América Latina, promovido pela OEA, em Colônia – Uruguai, em 1990. Hoje, a comunicação é quase instantânea e as informações estão disponíveis nos meios de comunicação e redes sociais. Muitas lembranças e registros surgem em nossa mente, no momento de levarmos à sociedade a história dos 60 anos do ensino da Arquivologia, no Brasil.

Inicialmente, agradeço o convite formulado pela Comissão organizadora do evento ‘Empoderando a sociedade: os 60 anos do ensino de Arquivologia no Brasil’ para compartilhar minha trajetória na área. Acredito que cada integrante da comunidade arquivística tem uma narrativa de como ocorreu a proximidade com o mundo dos arquivos. Meu ingresso na Arquivologia aconteceu em 1980, no curso de graduação ministrado pela Universidade Federal Fluminense, terceiro na área em âmbito nacional. A motivação surgiu anos antes, ainda no ensino médio, com uma disciplina específica que abordava o gerenciamento de documentos. No campo profissional, a participação em projetos de organização de acervos, em instituições públicas e privadas, ampliou a paixão pela profissão. Abraçar a docência no curso de Arquivologia da Universidade de Brasília, em 1995, me permitiu uma aproximação com o ensino da arquivística e com a organização de eventos de extensão que foram pioneiros no curso, compartilhados com a Associação Brasiliense de Arquivologia. No campo da pesquisa científica, analisamos os diálogos estabelecidos pelo arquivista com a tríade composta pelos cursos de formação, o associativismo e o mercado de trabalho provocando novos estudos sobre o profissional. Ao longo do período de quatro anos de vínculo que a docência propicia com os discentes, compartilhamos conhecimentos sobre os arquivos, discutimos os conceitos, o surgimento das novas ideias e vivenciamos o aprendizado. A melhor motivação em minha jornada é vê-los conquistando espaços no mercado de trabalho, o que contribui para que a profissão adquira, a cada dia mais, a visibilidade tão almejada. Parabéns ao curso de Arquivologia da UFSM pela linda homenagem aos 60 anos do ensino de Arquivologia no Brasil!

Katia Isabelli Melo

professora
(UnB)

Natália Bolfarini Tognoli

professora
(UFF)

Meu contato com a Arquivologia inicia-se no final de 2002, quando, após largar a faculdade de Letras, recebi de uma tia que morava em Brasília uma reportagem do Correio Brasiliense sobre o curso de Arquivologia e a profissão de arquivista. Naquela época, a Universidade Estadual Paulista – UNESP – estava com vagas abertas no Vestibular de inverno para o que seria a primeira turma do curso de Arquivologia no Estado de São Paulo. Interessada em saber um pouco mais sobre os arquivos, inscrevi-me no vestibular, passando a integrar a primeira turma do curso de Arquivologia da Unesp em agosto de 2003. Os primeiros anos foram de descobertas e rapidamente me interessei pela Diplomática. Sob orientação do Prof. José Augusto Guimarães (meu eterno Mestre) tive minha pesquisa de Iniciação Científica financiada pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Foi a primeira bolsa do curso de Arquivologia da Unesp e, lembro-me que, na época, fiquei muito orgulhosa! Ao terminar o curso, em julho de 2007, já tinha certeza que gostaria de ser docente no curso de Arquivologia de Marília. Para tanto, preparei-me durante o Mestrado e o Doutorado, totalizando 6 anos de bolsas de pesquisa financiadas pela FAPESP e pela CAPES, no Brasil e na Itália, com viagens para apresentação de trabalhos, cursos e publicações de arquivos científicos e livros. Durante os anos do Doutorado, pude atuar como professora bolsista e também como substituta no curso de Arquivologia da Unesp de Marília, o que me instigou a prestar o concurso para Professora Assistente, 40 horas de dedicação exclusiva, no departamento onde havia me “criado” academicamente. Assim, em fevereiro de 2012, passei em primeiro lugar no concurso para docente, na área que sempre foi a minha paixão, a Diplomática. Na Unesp formei-me, fiz meus amigos, aprendi tudo o que sei. Estive lá por 14 anos. 11 deles como aluna, 3 como Professora. Tive meus primeiros orientandos de TCC, Iniciação científica e Mestrado. Durante os 3 anos de docência na Unesp, aprendi a ser professora e me apaixonei pela docência. Estar em sala de aula, instigando a produção de conhecimento é algo diariamente recompensador. Em 2017 resolvi deixar a Unesp, minha casa, minha zona de conforto, em busca de desafios. Assim, parti para Niterói, para integrar o quadro de docentes do Departamento de Ciência da Informação da UFF (Universidade Federal Fluminense). Aqui, fiz amigos, criei laços e, mais uma vez, reforcei meus sentimentos de que a docência é recompensadora. Encontrei outros interlocutores, outros desafios, outros caminhos de pesquisa. Hoje, sinto-me em casa. Sou grata à Arquivologia pelas experiências que ela me proporciona diariamente. Graças a ele conheci o mundo, abri meus horizontes, expandi meu conhecimento e percebi que, a cada dia que passa, sei tão pouco. O mundo é tão grande e o conhecimento é infinito. Mas, graças aos arquivos, sei que todo dia dou um passo adiante em busca do saber.

Tudo iniciou em um momento em que a Universidade Estadual da Paraíba, passava por um momento de crescimento e expansão afetada pelo desenvolvimento da ciência e refletindo pela real necessidade de manter um vínculo mais estreito com a sociedade, mediante a oferta de vagas públicas e gratuitas, vista como sendo uma das políticas públicas do Estado da Paraíba. Dessa forma, a UEPB, liderada pela Magnífica Reitora Marlene Alves de Sousa Luna, estabeleceu uma Comissão de Planejamento do Ensino Superior para a abertura de novos Campi, cujos membros, representantes das diversas profissões, elaboraram projetos, sendo encaminhados para a sua operacionalização. Assim, nasceu o Campus V – Ministro Alcides Carneiro, em junho de 2006, na Capital da Paraíba em um momento muito propício e decisivo para a Educação Superior com a oferta de três cursos: Arquivologia, Ciências Biológicas e Relações Internacionais. A saber, o curso de Arquivologia, teve o privilégio de contar com a assessoria dos professores Dr. José Maria Jardim e a Dra. Maria Odila Fonseca para a consolidação do projeto, além de outros docentes da UEPB. A aula inaugural aconteceu em 28 de agosto de 2006, com a palestra “A Nação brasileira”, sobre a função social da universidade pública, proferida pelo professor doutor Manoel Domingos Neto, consultor da instituição e ex vice-presidente do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq). Nessa perspectiva, o grande desafio era encarar essa realidade muito difícil, pela falta de profissionais com essa formação em arquivos, apesar de que os professores, Jardim e Fonseca ministraram aulas em um período curto durante o início do semestre de 2006, também contamos com um grupo de três professoras com basta experiência em Arquvivos e Arquivologia: Ana Andréa Castro de Amorim, Irene Rodrigues Fernandes, Laura Helena Baracuhy. Do ponto de vista da sua existência, como iniciativa particular, inicialmente o curso foi coordenado de forma temporária pela Dra. Cássia Lobão de Assis, com formação em Comunicação, mas em virtude de algumas limitações e assuntos profissionais, passou a coordenar o curso a profa. Dra. Silvia Garcia Nogueira, com formação em Antropologia e eu fui indicada para ser a Vice-Coordenadora. (out. de 2006 à fev. de 2007). Em marco de 2007, assumi a Coordenação do Curso. Foi algo inusitado, embora já estivesse como vice coordenadora desempenhando questões administrativas, foi algo muito novo para mim, quando me enfrentei com um grande desafio chamado “Problemas”, caiu a ficha!!. Mas, sempre com otimismo e fé fui em frente navegando em rios rochosos, ventos e um tufão incontrolável. Ou seja, vários problemas e queixas dos alunos: estrutura, professores da área, clima organizacional, protestos estágios, etc. Nessa minha gestão, mesmo com todas as dificuldades, levo um lema que aprendi com meus pais que se chama “Responsabilidade e Disciplina”. Acredito que essas duas palavras me modelaram para enfrentar todas as dificuldades. E assim, o curso foi se consolidando e impactando no mercado de trabalho. Realizamos 9 antecipações de conclusão de curso. Pois, os alunos tinham passado em Concurso Público. Uma vitória! Acredito que vendo essa 1ª Turma realizada cumpri a minha missão que finalizou em 30 de setembro de 2010. Assim, falar em Arquivologia hoje, assinala ter conquistado uma mudança esperada pela sociedade, já que a consciência sobre o valor dos arquivos e documentos como meios de controle na tomada de decisões nas instituições públicas e privadas, propiciou o desenvolvimento e evolução da de muitos setores da economia. Quero deixar claro que este sucesso de trabalho se deve a muitas pessoas envolvidas que acreditamos com emoção em um curso de grande valor para a memória, transparência e organização das instituições. É assim que precisamos agir. Acreditando na força da Arquivologia para transformar a sociedade, gerando informação e conhecimento.

Jacqueline Echeverría Barrancos

professora
(UEPB)

Luana Oliveira

arquivista

Me chamo Luana Oliveira, sou Arquivista formada desde 2005 pela Universidade de Brasilia. A Arquivologia pra mim é um encontro entre a tecnologia e a história e me leva à vários cenários do presente e do passado. Nela encontrei minha identidade, propósito e missão de vida. Passei por empresas privadas e instituições públicas. Conheci vários tipos de arquivos: do administrativo ao especializado. Tive a oportunidade de lecionar em cursos de pós-graduação sobre várias disciplinas e hoje desenvolvo um projeto em redes sociais sobre a divulgação e ensino da Arquivologia que alcança vários públicos. Descobri que ser apaixonada pelo o que faço pode transformar o meu interior, trazendo satisfação e realizações. Eu sou uma Arquivista feliz.